Urgências
Que dia o de hoje...
Acordei feita em saudades, ou vontades, ou necessidades, como lhe queiras chamar.
Toda eu sou mistura de sensações e lembranças, apeteces-me tanto.
E lá vem o tanto que tanto faz parte do tanto que somos...
Como é suposto aguentar? Como é suposto agradecer à vida a tua presença se não te posso ter? Como hei-de calar o coração e sossegar a alma?
Não sei o que acordou mais inquieto hoje, o corpo ou a alma, mas sei que toda eu sou urgências hoje.
O que sinto é urgente, o que quero é urgente, o que preciso é urgente..
Não me venham com falinhas mansas, não me venham com paciências ou teorias.
Também não me venham com "eu avisei" ou "já sabias que seria difícil". Sim já sabia, e então, tira a dificuldade por o saber?
E não me tirem. Não me tirem estes dias em que te sinto longe como o sol está da lua, não me tirem este formigueiro que me percorre irrequieto e não me deixa descansar, não me tirem este aperto no peito, sentimentos que transbordam, não me tirem esta dificuldade em respirar ao imaginar mais uma temporada sem ti, não me tirem este desespero que se apodera de mim e só pede um toque, um abraço, o cheiro e esse pescoço.
Desconfio que no dia em que me tirarem isso a vida perde o sentido, perde o rumo, perde a razão. E no entanto a razão, essa, já tu a espantaste há muito.
(sobre) vivo de urgências...
S.