Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
papá, papi são alguns dos nomes que sempre te chamei... sem saber que papi na Suíça quer dizer avô e tu nem te mostraste incomodado, haverá melhor forma de amar?...
Já vivemos tanto, já sofremos tanto, já nos falhámos tanto.
Pai, vivi contigo bem menos do que gostaria enquanto criança, fizeste-me tanta falta, bem mais do que poderia imaginar, e hoje, aos 30 percebo isso tão bem.
Gostava que soubesses que independentemente de tudo aquilo em que te falhei, és uma das pessoas mais importantes da minha vida, e que a nossa reaproximação foi, sem sombra de dúvida, a melhor coisa desta minha aventura em terras estrangeiras.
Sinto-me feliz por ver que conseguimos ultrapassar a frieza que nos atrapalhava e que soubemos deixar o sentimento falar mais alto.
Desculpa, desculpa por todas as vezes que te desiludo, por todas as vezes que não correspondo às tuas expectativas, por todas as vezes que o meu comportamento ou falta de atenção deixa a desejar...
Mas acima de tudo obrigada. Obrigada por não teres desistido de mim, por teres olhado ao amor de pai acima das mágoas e feridas abertas, por me teres aceite de volta na tua vida como se eu nunca tivesse querido sair. Obrigado por me mostrares, ainda que fora de horas (como se alguma hora fosse errada) o verdadeiro significado de família, de amor, de protecção, de união. Obrigada por teres confiado em mim quando mal me conhecias - e se tinhas todos os motivos para não confiar - obrigada.
Não vou ser básica ao ponto de dizer que daria tudo para te ter aqui, seria bem mais fácil dar tudo para estar aí.
Mas, e deixando-a entrar, ambos sabemos que se desse tudo já aí estava.
Mas, deixas-me? Deixas-me dizer que daria muito por um abraço teu? Por um sorriso teu ou pelo teu suspiro de alívio cada vez que me agarras num aeroporto?
Deixas-me dizer que daria muito para ver esse olhinho a brilhar e sentir o nosso coração em paz?
Mais um Natal se aproxima. Veio depressa este ano.. sinto que o ano passou a voar e ao mesmo tempo foi tão cheio de acontecimentos que me sinto a entrar em 2018.
E como sempre, e infelizmente cada vez mais, vejo a hipocrisia das pessoas a florescer. A falsidade, os votos cínicos e a falta de perdão inúteis que lhes enchem o ego e lhes acalmam a ideia de que ficam bem perante os outros. Senao vejam bem isto... os que deveriam perdoar e dar mais valor ao que realmente é importante, criam guerras do "se ela vai, eu não vou" comportando-se egoístamente estragando um Natal que podia ser perfeito. Os que passam o ano a falar mal uns dos outros chega-se ao Natal e saem os valentes "BOAS FESTAS nem sei como me dei ao trabalho de te escrever/falar, ÓPTIMO ANO NOVO espero que seja como este e só tenha que te escrever no aniversário e daqui a um ano." No meio mantém-se as críticas à indumentária, julgam-se realidades que nao se conhecem e mantem-se no cimo do pódio sem sequer olharem o espelho e perceberem que sao iguais ou até piores a quem estão a julgar.
A meio de Novembro e já sinto esta mistura de repugna deste mundo e gratidão pela família que me rodeia.
O pior nesta vida sabes o que é? A distância. Sem duvida, a filha da mãe da distância. Essa que se mede em quilómetros... e em anos... e em silêncios... e em mágoas. A distância que te separa de quem mais amas, daqueles que deixaste para trás em busca da tua cura para te mostrar que a tua doença tinha sido ires embora. Essa que te impede de sentir a pele, o cheiro, o toque, o carinho, o amor. Não deveria ser pecado separar pessoas assim? Quem inventou a distância podia ir dar uma volta ao bilhar grande! E ficar lá, sozinho, para saber o que dói.
A distância que se mete entre dois telefonemas ou duas mensagens como se os minutos se tornassem horas, como se os dias tivessem o poder de cortar cada sonho teu quando te avassala a vontade do abraço, do sorriso, o som de uma palavra ao teu ouvido. A distância, madrasta, que separa o que foi do que é ou do que sera. A distância que dá outro sentido à palavra saudade, e outro peso, filho da puta de aguentar. Mas aguenta-se.. como diz o nosso querido Pedro Chagas "é insuportável. Mas aguenta-se." E aguenta-se... a amizade que se perdeu, os momentos dos quais abdicaste e continuas a abdicar, os sorrisos que não deste, o coração leve de quem vive rodeada de quem precisa para ser feliz que já não tens.
E abdicas, e aguentas, e sofres, e sorris... pura teimosia para não deixares a vida ganhar... mas a distância não perdoa, e sabe o efeito que tem. Um dia vencerás tu, acreditas mesmo que sim, ate lá ganhas coragem, porque admita-se que é preciso uma coragem danada para recomeçares tudo outra vez, para te reencontrares outra vez, para te reabituares a tudo outra vez. Mas não a deixes ganhar... não achas que 6 anos são suficientes? Ambos sabemos que não... mas um dia vão ser, e nesse dia, que não te falte a coragem para mostrar à vida quem manda, que é como quem diz, tu.
Ah e tal, vamos agradecer a todos os que já nos fizeram mal, a quem nos mentiu, a quem insiste em falar de nós sem mesmo nos conhecer, a todos os que prometeram e não cumpriram, a quem não esteve quando mais precisámos, a quem fez de tudo para nos magoar.. Vamos agradecer porque graças a eles hoje somos mais fortes!…
Grande Piada!!!…
Eu agradeço é o c*ralho a essa gentinha que nada me trouxe de bom! Tornaram-me mais forte? Não precisava se não houvesse gente assim.
Tornaram-me mais fria, mais distante, mais cautelosa, menos espontânea, menos viva!! O que tenho eu a agradecer?!
Se tenho a agradecer é a quem me deu a mão, a quem me foi buscar ao fundo do buraco, a quem por muito longe que esteja nunca se afasta, a quem me prova o verdadeiro valor da amizade.
Ao resto… Não passa de resto, e restos nunca fez um todo!