Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Estamos na tua esplanada preferida. O sol aquece-nos a pele, olhamos para o mar em silêncio. Não é estranho, nem desconfortável. É o silêncio de quem aprecia o cheiro do café acabado de tirar, as pessoas a conversar de sorrisos na cara, as crianças que brincam na areia ao nosso lado. É engraçado como o sol deixa todos mais dispostos. E ficamos ali, a saborear o momento, mais um momento nosso. Sei que gostas que te traga aqui, apesar de teres de enfrentar os olhares inconvenientes e os cochichos. Houve uma altura em que nada te tirava de casa, não estavas pronta. Hoje aceitas, e não deixas nada por viver pelo que os outros dizem ou fazem. És tão forte!
Estamos aqui e nada nos apetece fazer a não ser estar aqui. Apetece-te um gelado - gulosa - e eu levanto-me para o ir buscar. Tenho vontade de mandar toda a gente que te observa à merda, parece que hoje me custa mais a mim do que a ti.. que disparate.
Penso nestes momentos que tivémos a sorte de partilhar e aproveitar, e as saudades tiram-me o ar. As lágrimas vêm sem que as chame, é mais fácil passar pelos dias fingindo que não dói sempre.
É dia da mãe, e eu perdi-te há 10 meses. É dia da mãe e dava tudo para te ter comigo outra vez. É dia da mãe e é estranho não ter a minha mãe comigo, não ter que correr a comprar algo à ultima da hora nem ter a quem telefonar cedo pela manhã para felicitar. Queria voltar a abraçar-te, sentir o teu perfume e o teu olhar orgulhoso quando aparecia toda arranjada e maquilhada. É o teu dia guerreira, e eu só quero acreditar que daí de cima consegues perceber o quanto te amo e o quanto me fazes falta.
A vida anda, passa por mim como um filme, continuo a sentir-me adormecida. É meio assustador. Sentir que deixei tudo nas mãos da vida. Não faço escolhas, não planeio, não faço renuncias. Deixo a vida decidir, deixo a vida acontecer. E isto não é nada meu... sou controladora, gosto de saber onde estou e para onde vou, planear, sonhar... mas esta foi a unica forma de conseguir não enlouquecer com a tua partida. Não espero nada da vida, não espero nada de bom, nem estou preparada para nada de mau. Estou na corda bamba, há 10 meses. Mas estou a dar uma coça à depressão mãe, espero que consigas perceber isso. Pus as escolhas em pausa para me escolher a mim, cuidar de mim, fortalecer-me e chutar a depressão para canto! A parte assustadora é ter a sensação de que viver assim, à mercê, é mesmo agradável, e a vontade de voltar a tomar as rédeas da minha vida não parece querer aparecer. Mas como sempre, um dia de cada vez.
É dia da mãe, e fazes-me falta. Amanhã fará 10 meses que me deixaste, e fazes-me falta. Feliz dia mum.
Sentada no canto da sala, aprecio a sensação de amor que divaga pela casa. Uma dá miminho à gata que foi operada hoje, e aquele sorriso nervoso de quem "acha piada" ao colar protector da gatita. Ouve-se um "já tomaste os medicamentos hoje?" vindo da cozinha, carregado de preocupação, como a cada noite. Ele mete no canal preferido dela. Ela prepara-lhe a marmita com a maior doçura do mundo, sempre sem dar por ela. Não ouvi um "amo-te" e senti tantos...
Será pedir muito, conseguir construir um lar cheio de amor como este?...
Hoje a alma pede sossego. Cansada de andar em altas e em baixas, ora desesperada e solitaria, ora ansiosa e feliz.
Hoje senti aquele frio na barriga de quem está quase a atingir um objectivo. Trabalhei tanto para ele. E senti a tristeza de ainda não ser suficiente.
Os detalhes começam-se a formar, o sonho começa a ganhar contornos, a possibilidade de lá chegar começa a mexer comigo.
Tento não esquecer dos tantos objectivos que alcancei. Tento agradecer cada vitoria, cada conquista. Mas a ansiedade de dar este passo é maior. Não sinto que é desta, mas sinto que é este o próximo passo a dar, sinto que estou no caminho certo. Hoje, pela primeira vez em anos, as borboletas voltaram a voar, por um sonho.
Todos já tivemos momentos de desilusão. Quando nos apetece mandar bugiar o mundo, e a vida, e as obrigações, e o que a sociedade quer, e o que a gente quer, e o que a gente pode. Quantas vezes não te aconteceu querer adormecer e acordar com amnésia, de bagagem vazia e todo um novo mundo de aprendizagens e possibilidades?...
Só não te esqueças de nunca renunciares ao que sentes. Pareça tonto ou não, seja fácil ou não, contraditório ou não. Se sentes, se acreditas, se queres e não vais prejudicar ninguém com isso.. não hesites nem tão pouco sonhes em duvidares de ti em prol dos outros. Só tu sabes o que mereces, só tu te podes fazer feliz.
Quando "um daqueles dias" passa a repetir se 6 vezes na semana e com ele começa a trazer a indiferença necessaria para lidar com a falta do que se espera, do que se quer. Quando vês que a paciência deixou de estar à prova ... e já nem te apercebes. Quando se torna normal não esperares nada, e consequentemente não dares nada.
Que merda de amor é esse mulher, que não espera nem dá para não doer? Que merda de amor é esse que já não cobra, nem "se dá ao trabalho" de insistir em pedidos já feitos. Que merda de amor é esse em que a atenção tem de ser pedida e a atitude cobrada?
Génios reconhecem-se... que pau de dois bicos! E não fosse um deles a minha felicidade, não me preocuparia com um pau na minha vida, seria apenas mais um impecilho. Mas este tem dois bicos. E gostaria realmente que os dois bicos se mantivessem.