Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Hoje a alma pede sossego. Cansada de andar em altas e em baixas, ora desesperada e solitaria, ora ansiosa e feliz.
Hoje senti aquele frio na barriga de quem está quase a atingir um objectivo. Trabalhei tanto para ele. E senti a tristeza de ainda não ser suficiente.
Os detalhes começam-se a formar, o sonho começa a ganhar contornos, a possibilidade de lá chegar começa a mexer comigo.
Tento não esquecer dos tantos objectivos que alcancei. Tento agradecer cada vitoria, cada conquista. Mas a ansiedade de dar este passo é maior. Não sinto que é desta, mas sinto que é este o próximo passo a dar, sinto que estou no caminho certo. Hoje, pela primeira vez em anos, as borboletas voltaram a voar, por um sonho.
Dias difíceis, em que a nossa segurança se vai, o amor próprio tira férias e o medo aparece em forma de gente no nosso ombro. Dias em que o coração aperta e gostaríamos que o amor que os outros têm por nós nos chegasse e se expressasse como nosso.
É nesses dias que me obrigo a pensar que o que tiver que ser será. Que se alguém estiver ao meu lado terá que ser porque quer, porque ama e porque no meio de mil opções, me escolheu a mim.
Porque se alguém tiver que me trair, deixar ou magoar, vai fazê-lo, pouco interessando se tenho esse medo ou não.
E porque se é para isso não o quero sequer ao meu lado e quanto mais depressa for, melhor. Ao meu lado quero quem me respeita e me ama, hoje. Se amanhã isso mudar, logo terei que lidar com isso, e lidarei, sempre de coração cheio de esperança de que o melhor está por vir.
Aprendeu a dar menos importância. Aprendeu a não deixar o coração apertar por qualquer coisa. Aprendeu que desilusões não matam e que para as evitar basta não criar expectativas. Aprendeu que não se pode obrigar ninguém a dar, e ainda menos a receber. Aprendeu que não tem que correr atrás de tudo ou todos. Aprendeu que dizer não é necessário e que as vontades dela também têm valor. Aprendeu a sorrir, e a rir, sem se culpabilizar. Aprendeu a fazer tudo por ser feliz, em vez de fazer tudo para ver feliz.
Há quem lhe chame crescimento, maturidade ou até egoísmo. Mas visto que ela agora pouco quer saber da opinião alheia, ela acha-se simplesmente no caminho certo, mais certo que nunca.
Tenho por hábito utilizar a expressão "de coração cheio" quando me sinto tão feliz que não cabe no peito. Hoje é diferente. Hoje escrevo com o coração cheio de apertos, cheio de saudade, cheio de amor - sempre o amor - e de vazios. Porque um coração também pode estar cheio de vazios, sabias? E se não são esses os que mais queimam, então eu não percebo nada disto.
Tenho nestes vazios a prova de que sou mais forte do que pensava, e se eu alguma vez me imaginei a viver de vazios... E não vivo.
Tenho nos meus passos a certeza de chegar sempre mais além, e com ela a certeza de nunca ser como eu estou à espera, e que delícia que é não saber o que me espera.
Tenho no meu melhor foda-se a resposta a quem me julga sem calçar o sapatinho, e no coração a compaixão e o desejo de que sejam imensamente felizes.
Tenho no olhar a capacidade de avaliar, conhecer, errar e aprender. E que eu nunca deixe de errar, ouvi dizer que quando se deixa de errar se deixa de viver.
Tenho nos joelhos as cicatrizes de uma infância bem vivida e na alma algumas que nunca conhecerás, não por ser uma mulher super gata e misteriosa, desengana-te, apenas porque estão saradas e bem arrumadinhas.
Tenho na atitude o querer ir sempre em frente, e saber que cair é necessário mas não eterno. E ai de mim se me tiram esta vontade parva de ser feliz. E ai de mim se me tiram o direito de deprimir 1dia, ou 100, já não se pode sofrer, que é como quem diz viver, em paz?
Tenho no peito um coração cheio de tudo, de vazios e amor, de dúvidas e certezas, de ansiedade e paz. E ai de mim se me perco deste caminho intenso entre o Amo-te e o quase te odeio que dá a essência àquilo que sou. E ai de mim se deixo de acreditar que sou uma mulher feliz capaz de fazer os que amo felizes. Oh gaiata complicada esta..
Tenho em mim a noção de nada saber, de tudo querer, de sempre arriscar. E que nunca me tirem esta mania de sempre arriscar e partir a cara e levantar e continuar a acreditar que enquanto o destino for amor, o caminho vale a pena.
Hoje escrevi com o coração na boca, a mente aberta, os pés no chão e os pensamentos bem soltos. E tenho em mim a certeza absoluta que nem sempre será fácil mas que o meu coração me levará sempre ao meu lugar.
Quantas vezes já pensaste que chegaste ao teu limite, que nada valeria a pena, que estavas no limite da loucura?
Disseram-me que o ser humano não tem a capacidade de viver sozinho, que foi concebido para viver em sociedade e que vivendo em cativeiro facilmente enlouquece. Questionei-me na altura.. mas hoje sinto que até deve ser verdade.
Será possível alguém enlouquecer por falta de interacção? Por falta de humanos com quem conversar? Por falta de vida após o trabalho? Se calhar...
O meu interesse neste momento é só um.. fugir disso! Sabendo eu pertinamente que estou longe de enlouquecer por falta de socializar mas no fundo de mim penso "não vá o diabo tecê-las".
Haverá uma depressão antes de enlouquecer? Haverá um sinal? Sentirá um louco que está louco ou será como os toxicodependentes que tudo controlam e os bêbados que ainda se acham sóbrios?
Não seremos nós todos loucos, cada um à sua maneira, vivendo e aprendendo a gerir a sua loucura? Vivendo e identificando-se com quem melhor se adapta a ela? Prefiro pensar que sim. Somos todos loucos, um mundo cheio de loucos, não estou sozinha.