Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Tentas ser alguém melhor, menos negativa, menos stressada, menos preocupada mas sempre disponivel. Tentas compreender que os outros têm a sua realidade, nem sempre de encontro à tua, e que só tens que aceitar isso.
Mas sentes-te magoada. Desde quando deves aceitar ser ignorada consoante a necessidade e não teres o direito a te ressentires?.. Tentas por tudo compreender e aceitar, até ficar feliz por a outra pessoa estar feliz assim.
Mas merda. Dói. Dói não ser prioridade. Dói não ser nem opção. Isso é o que mais dói.. não seres nem opção para quem para ti é tudo. Não seres nem opção quando não precisam.
Sabes bem que provavelmente as hormonas estão a falar por ti, que és mimada o quanto baste (e quanto sobre também) e que não devias pensar assim, sentir assim. .
Mas merda. Dói. Hoje dói. E dás-te ao direito de dizer " olha, nunca abro a boca mas.. merda, está a doer!"... não dizes, mas pensas, e escreves, não fosse este um texto teu, era o que faltava não poderes escrever...
E pensas, e escreves, e massacra, e dói, e engoles, e amanhã será um novo dia, e pode ser que doa menos, pode ser que te lembres menos , pode ser que consigas ocupar a cabeça e não pensar de todo.
Mania a tua de te vitimizar, depois de tudo, até te fica mal..
Um passarinho quando aprende a voar, sabe mais sobre coragem que de voo.
E assim é com ela, sabe nada sobre viver, não faz ideia de como fazer mas não perde a vontade de ser feliz.
Sem vergonha de amar, partir a cara e encarar. Sem vergonha de querer ser leve, livre e diferente ou igual a outros tantos passarinhos que aprendem como ela.
Já foi mais genuína? Já. Às vezes falha a coragem? Também. Mas quando deita a cabeça na almofada sabe que amanhã fará tudo de novo.
É um daqueles dias. Já te disse o quanto eu não gosto destes dias? E no entanto são os dias mais dias, são os dias em que a realidade ganha corpo e me esbofeteia com verdade e sem piedade.
Sim, tem sido uma luta. Não o foi sempre, pelo menos tão atroz, e ainda bem, mas há imenso tempo que se tornou numa luta cada vez mais insuportável.
Fingir que esta vida é suportável. Fingir que o meu dia a dia é bom, que me levanto com um objectivo de manhã. Fingir que treinar meia hora por dia e recusar sobremesas é suficiente para que a vida valha a pena.
Sim, continuo a considerar-me uma cheia de sorte, sempre... pela força que me acompanha, pelo amor que me me abraça, por poder dar valor à vida graças a tudo o que ja vivi ou me vi obrigada a não viver. Mas isso não é suficiente para que 24h/365dias valham a pena ou sejam menos penosos. Isso não é suficiente para que agradeça a cada amanhecer e para que o sorriso venha solto todos os dias.
Hoje digo, tens razão, tem sido uma luta. Digo hoje, porque hoje é um daqueles dias. Já te disse o quanto não gosto destes dias?
Dias que me fazem querer que a vida passe mais depressa. A semana que seja de muito trabalho para não dar por ela. A folga que passe bem depressa, não fosse a necessidade de dar descanso ao corpo e até ma podiam tirar. A noite que não seja de insónias porque o meu cérebro um dia acabará comigo e a minha alma pede amor e paz. Os dias que sejam de sol, é dos poucos prazeres que ainda sinto.
Anseio pelo dia em que vou poder lutar para viver e não para sobreviver. Anseio pelo dia em que me posso soltar deste peso e voltar a quem sou, onde pertenço, sem medos ou cordas invisíveis - mas bem perceptíveis - que me prendam aqui.
Sou mulher de mudar o que não me faz feliz, sou mulher de luta, sou mulher de vida ! E preciso tanto de voltar a dar um sentido a isto tudo..
Não demores, por favor, não demores, vida. Não quero desistir antes de tentar e começo a não conseguir saber para onde me virar, onde me agarrar.
Quanto mais o tempo passa mais as certezas aparecem, e com elas a visão dos problemas que virão e dos que poderão vir, o medo do incerto que está mais que certo e se torna real a falta que vais sentir do que tens, do que conquistaste, do que aprendeste, do que viveste aqui.
Qual é o teu maior medo?
Perceberes que afinal não aprendeste nada? Que este tempo fora só te fez mais do mesmo e que estagnaste como um caracol ao sol? Perceberes que afinal as pessoas têm razão quando dizem que não vales uma merda, e que aproximares-te dessa gente te mostre o quanto têm razão?
Essa falta de confiança em ti, vem de onde menina?
Essa falta de amor próprio? Essa falta de certezas naquilo que és e naquilo que queres? Pareces uma criança amedrontada que não sabe o que fazer nem para onde se virar. Tens essa cabeça a mil e sentes-te tão perdida como no dia em que te apanhaste sozinha com uma criança para criar.. a diferença é que nessa altura tiveste mais força e coragem.
Onde está a tua coragem de criança? Onde está a tua vontade de vencer?
Estará nos "obrigado" que nunca ouviste? Nos "és o meu orgulho" que nunca vieram por muito que tenhas feito para os receber? Nos "nunca sozinha" que todas as crianças deveriam sentir e não sentiste?
Vais mesmo deixar que uma infância "menos feliz" destrua uma vida que tem tudo para correr bem?