Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Gostava tanto de estar na vossa cabeça, no vosso coração e saber sentir o que sentem, saber pensar o que pensam.. sinto-me inutil e limitada, sinto que não penso nem metade do que deveria, não sinto nem um milésimo do que vos atravessa a alma todos os dias.
Gostava.. gostava de vos compreender como se de mim se tratasse. Gostava tanto.
Sabes o quanto aperta cada vez que passas aquelas linhas amarelas e a placa "only passengers". Passas as linhas sozinha, nem sempre determinada, nem sempre corajosa, nem sempre sorridente. Nem sempre sozinha também, mas desta vez sim. E a maior parte das vezes também.
Toca a estupidez a diferença que a vida faz em cada viagem, em cada dia, em cada vai e vem. Hoje.. vais de coração apertado. Cheio, mas apertado. E manda lá foder o cheio perto do desespero de voltar ao país dos outros, à vida dos outros, à rotina dos outros que definem a tua.
Vais de coração cheio mas não vais feliz, vais perdida sem saber o que queres, o que faças, o que sintas. Vais sem rumo, com o único objectivo de ganhar dinheiro.. logo tu que sempre te estiveste a cagar para o dinheiro, logo tu que sempre soubeste que o segredo era precisar de menos. E precisas. De tão pouco. Mas há quem precise de ti. Mais.
Os dias passam, as horas passam e tudo o que ela queria era estar aí, ser aí, sem que saiba onde é o aí e tendo apenas como certeza que só seria aí contigo.
Pensei como título "dias que passam mas não marcam" e assim que isto me veio à ideia senti que era exactamente o oposto... marcam.. Marcam demais para uma alma tão despreparada.
Onde te perdeste menina? Onde deixaste todos os sonhos, todos as alegrias, todas as lutas? Vieste sem sonhos lembras-te? Vieste vazia e assim continuas. Estará na hora de enfrentar as verdades ? Ou estarás tu a arranjar-te desculpas "nobres" para poderes desistir do que não suportas mais? Estás cansada de estar sem ti, e até que ponto estas pronta a recomeçar ? Até que ponto não esperas ou idealizas mais do que será realmente? E se lá chegares e simplesmente.. Não viveres mais lá? Será realmente que a tua lição está aprendida e era apenas esta a ideia do destino?
Os dias passam, as horas passam, os aniversários passam, as festas passam, os mimos passam sem que tu os sintas, continuas longe demais para isso.
A solidão não te larga mas já te habituaste, as saudades são as únicas filhas da mãe que não dão tréguas. Por outro lado sabe bem não contar os tostões, estar longe dos falatórios mesquinhos e não teres que dar contas da tua vida. Mas e as saudades? Quando se junta a solidão, admite, não há ordenado que pague as noites que adormeces lavada em lágrimas.
Ah os abraços, ganharam outro sabor.. Os sorrisos, os momentos passados em família, em amizades, em amor. Os dias passam, as horas passam e tudo isto não passam de recordações.
Não sabes, não sentes, não queres nem pensar. Sabes que esta não és tu. Sabes que incompleta nunca serás feliz. Sabes que não aguentas mais e que te sentes fraca. Tão fraca. Fraca ao ponto de não conseguir reagir, de não conseguir decidir, de não conseguir fazer nada para mudar. Cobardia, cansaço, comodismo.. Um pouco de todos pensas tu.
Os dias passam, as horas passam, e ela continua a não conseguir ser ela, e a não fazer nada para mudar isso.
Diz-me que não sou a única a fechar-me em copas quando não estou bem... diz-me que também trocas um ombro para chorar por umas horas de paz no teu cantinho para poderes chorar e espernear e ralhar e mostrar o pior de ti às paredes, ou por umas horas na companhia confortante do silencio da(o) tua(teu) melhor amiga(o) enquanto olhas o mar.
Eu... sou assim! O melhor que me podem fazer é deixarem-me sossegada no meu abrigo, o tempo que precisar.
"É nos maus momentos que vês quem esta ao teu lado." tão cliché quanto real.
É nestas fases que te sentes um caco, que as atitudes e palavras fazem a diferença... é nestas fases que precisas de um "sei que deves ir descansar em breve, andas exausta, dorme bem", que façam um esforço por perceber o que deves estar a sentir, te façam sentir valorizada e te mostrem que chorar, ir abaixo, não é fraqueza...
É nestas fases que vemos quem respeita o nosso espaço sem nos exigir seja o que for e sem que por isso se afaste deixando um rasto de mau estar.
E é preciso...
Valha-nos gente assim, gente verdadeira e do bem, gente respeitadora e humilde, gente que nos aceita como somos, sem trazer mais pesos e complicações. É preciso menos julgamento, menos dor de cabeça, menos aperto no coração. E mais pessoas que se consigam por de lado guardando os seus problemas e desabafos para si por compreender que tu não podes ouvi-los, pois estas com os TEUS problemas.
É preciso acima de tudo que tu consigas te desligar do que te faz mal, pôr sentimentos negativos de parte e deixares cada um ser como é, sem nunca te esqueceres do que é essencial para ti. Se podes ajudar, ajuda... se ajudar implica o teu mau estar, esquece.
Porque ninguém merece sentir-se culpado por estar menos disponível ou presente, ninguém merece senti-se um mau ser humano, mau amigo, má pessoa por precisar de tempo para si e não poder ajudar, ninguém merece carregar males nas costas que não sejam seus.
Porque quem te quer bem não se vai importar se tinhas combinado um café e entretanto não te sentes capaz. Não vai reparar se estavas acordada e não respondeste à mensagem. Vai compreender que tu és livre de fazer o que quiseres, que estás a precisar de tirar peso dos teus ombros (e ainda mais do coração) e que a depressão tem dias assim em que simplesmente não te apetece, e não serão menos amigos por isso.
Não te farão sentir menos merecedora de amor por estares numa má fase. Por muito longa que ela seja!