Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
A pergunta que o mundo quer calar. E qual é a pergunta que nos faz descer às nossas profundezas que o mundo, como quem diz a nossa mente, não queira calar?
Todos queremos evoluir e todos sabemos que evoluir dói. Nem todos sabemos que a evolução não depende da nossa vontade e nem todos, ou nem sempre, estamos prontos a admitir que, ao contrário do que a sociedade prega de que devemos ser gratos e felizes e leves, nem sempre estamos nesse estado.
Podemos até saber que devemos dar graças pelo teto das nossas casas, pelo dinheiro que nos paga a luz, o banho quentinho e o conforto da nossa cama, o amor de quem nos rodeia e a saúde que temos para trabalhar, a vida de mais um dia.
Nós sabemos. Mas não conseguimos. A luz parece inacessível no fundo do túnel que descreve o nosso caminho, o sorriso não vem naturalmente , as borboletas emigraram para bem longe e o entusiasmo perdi-o de vista. Passa a haver uma luta entre o
'Devia estar feliz pelo que conquistei.'
e o
'Andas triste, o que se passa (desta vez)?'.
A luta de uma ansiosa que sabe ter tudo o que precisa mas não vê prazer em nada. Aparecem os dias em que apetece mudar tudo, começar do zero, mas não sabe o que lhe falta, porque sempre falta, porque nunca chega.
"E se o mal é meu por não reconhecer o bem?
E se o mal é meu por não valorizar o que tenho?
Todos tão felizes no seu propósito e eu continuo numa busca (incessante) pelo meu... que ingrata eu sou."
A vida mudou nestes últimos meses, e eu cada vez mais ansiosa, cabisbaixa, triste e insatisfeita. Descarrego no trabalho, nos amigos, na família. Mudo de trabalho, levo umas quantas chapadas, percebo que nada é garantido, nem família, nem amigos, nem respeito ou consideração. No mundo tudo é permitido hoje em dia e os sentimentos ou dedicação perderam todo e qualquer sentido, e temos que estar prontos para isso.
Com isto percebo também que não sou obrigada a aceitar o que apetece aos outros. Não pago esse preço para ser aceite. Não mais.
Foi nesse dia que algo mudou em mim, no dia em que deixou de me cortar o peito, e marcar as olheiras. Perdi a vontade de me justificar. Perdi a necessidade de me culpabilizar. Aceitei a possibilidade de ter uma imagem distorcida de mim. Percebi que devo ser mais compreensiva com as dores dos outros, sem as absorver. Afinal, só compreendemos sem esforço aquilo pelo qual já passámos mas nunca passamos todas as dores do mundo.
O sorriso começa a aparecer sozinho, o ideal de vida adapta-se à realidade, as prioridades estabelecem-se e a necessidade de tratar de mim aumenta.
Hoje sinto que ninguém é para sempre. Hoje sinto que as dores não são para sempre. Assim como os momentos bons. Hoje vejo que relativizar é a chave e que aprender isso não depende só do querer. Soltar um riso no meio do choro é o que me faz forte e aquilo em que acredito hoje posso não acreditar mais amanhã. E está tudo bem. Não tenho que provar nada a ninguém. Não tenho que esconder tal como não tenho que mostrar.
A nossa vida é a nossa obra de arte, é para te fazer feliz, é o que tu fazes dela!
Largar um livro a meio porque não me seduziu. Passar um tempo sem ler ou ouvir podcast ou me instruir dando-me simplesmente o direito de estar, em paz. Não gostar da musica TOP nacional. Não seguir o plano alimentar à risca. É um direito meu. Não tenho que seguir padrões, não tenho que encaixar. Não tenho que absolutamente nada e hoje percebo que tenho tanto para conhecer em mim.
Os pesos desaparecem de dia para dia. O que era peso hoje é prazer. Vi que só depende de mim decidir se faço por prazer ou por favor. Sentir solidão ou prazer em ter um tempo para mim. Vitimizar-me ou dar graças por tudo o que a vida me deu.
Não sei se se identificam (nem se leram este 'testamento' até ao fim), se como eu perderam a identidade no meio de tanto frufru ao qual temos acesso hoje em dia, mas se foi o caso, desejo que um dia se sintam livres para simplesmente se conhecerem e serem. Porque ninguém morre por não ser popular, ou por não ter a aprovação de todos, ou por ser quem é.
Desviei-me e deixei-me levar pelo que devia ser, esquecendo-me de quem era realmente. Espero que dentro de vocês algo desperte...
o direito a serem livres, de fazerem as vossas proprias escolhas.
É um daqueles dias. Já te disse o quanto eu não gosto destes dias? E no entanto são os dias mais dias, são os dias em que a realidade ganha corpo e me esbofeteia com verdade e sem piedade.
Sim, tem sido uma luta. Não o foi sempre, pelo menos tão atroz, e ainda bem, mas há imenso tempo que se tornou numa luta cada vez mais insuportável.
Fingir que esta vida é suportável. Fingir que o meu dia a dia é bom, que me levanto com um objectivo de manhã. Fingir que treinar meia hora por dia e recusar sobremesas é suficiente para que a vida valha a pena.
Sim, continuo a considerar-me uma cheia de sorte, sempre... pela força que me acompanha, pelo amor que me me abraça, por poder dar valor à vida graças a tudo o que ja vivi ou me vi obrigada a não viver. Mas isso não é suficiente para que 24h/365dias valham a pena ou sejam menos penosos. Isso não é suficiente para que agradeça a cada amanhecer e para que o sorriso venha solto todos os dias.
Hoje digo, tens razão, tem sido uma luta. Digo hoje, porque hoje é um daqueles dias. Já te disse o quanto não gosto destes dias?
Dias que me fazem querer que a vida passe mais depressa. A semana que seja de muito trabalho para não dar por ela. A folga que passe bem depressa, não fosse a necessidade de dar descanso ao corpo e até ma podiam tirar. A noite que não seja de insónias porque o meu cérebro um dia acabará comigo e a minha alma pede amor e paz. Os dias que sejam de sol, é dos poucos prazeres que ainda sinto.
Anseio pelo dia em que vou poder lutar para viver e não para sobreviver. Anseio pelo dia em que me posso soltar deste peso e voltar a quem sou, onde pertenço, sem medos ou cordas invisíveis - mas bem perceptíveis - que me prendam aqui.
Sou mulher de mudar o que não me faz feliz, sou mulher de luta, sou mulher de vida ! E preciso tanto de voltar a dar um sentido a isto tudo..
Não demores, por favor, não demores, vida. Não quero desistir antes de tentar e começo a não conseguir saber para onde me virar, onde me agarrar.
Quantas vezes já pensaste que chegaste ao teu limite, que nada valeria a pena, que estavas no limite da loucura?
Disseram-me que o ser humano não tem a capacidade de viver sozinho, que foi concebido para viver em sociedade e que vivendo em cativeiro facilmente enlouquece. Questionei-me na altura.. mas hoje sinto que até deve ser verdade.
Será possível alguém enlouquecer por falta de interacção? Por falta de humanos com quem conversar? Por falta de vida após o trabalho? Se calhar...
O meu interesse neste momento é só um.. fugir disso! Sabendo eu pertinamente que estou longe de enlouquecer por falta de socializar mas no fundo de mim penso "não vá o diabo tecê-las".
Haverá uma depressão antes de enlouquecer? Haverá um sinal? Sentirá um louco que está louco ou será como os toxicodependentes que tudo controlam e os bêbados que ainda se acham sóbrios?
Não seremos nós todos loucos, cada um à sua maneira, vivendo e aprendendo a gerir a sua loucura? Vivendo e identificando-se com quem melhor se adapta a ela? Prefiro pensar que sim. Somos todos loucos, um mundo cheio de loucos, não estou sozinha.
Quanto mais o tempo passa mais as certezas aparecem, e com elas a visão dos problemas que virão e dos que poderão vir, o medo do incerto que está mais que certo e se torna real a falta que vais sentir do que tens, do que conquistaste, do que aprendeste, do que viveste aqui.
Qual é o teu maior medo?
Perceberes que afinal não aprendeste nada? Que este tempo fora só te fez mais do mesmo e que estagnaste como um caracol ao sol? Perceberes que afinal as pessoas têm razão quando dizem que não vales uma merda, e que aproximares-te dessa gente te mostre o quanto têm razão?
Essa falta de confiança em ti, vem de onde menina?
Essa falta de amor próprio? Essa falta de certezas naquilo que és e naquilo que queres? Pareces uma criança amedrontada que não sabe o que fazer nem para onde se virar. Tens essa cabeça a mil e sentes-te tão perdida como no dia em que te apanhaste sozinha com uma criança para criar.. a diferença é que nessa altura tiveste mais força e coragem.
Onde está a tua coragem de criança? Onde está a tua vontade de vencer?
Estará nos "obrigado" que nunca ouviste? Nos "és o meu orgulho" que nunca vieram por muito que tenhas feito para os receber? Nos "nunca sozinha" que todas as crianças deveriam sentir e não sentiste?
Vais mesmo deixar que uma infância "menos feliz" destrua uma vida que tem tudo para correr bem?