Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
A vontade de evoluir como ser humano é muita, a vontade de relativizar, não dar demasiada importância, não deixar a sua paz se abalar por ninharias.
Mas...
e se essas ninharias realmente me abalam? E se eu, na realidade, não quiser ter que fingir que não vejo algo que me desagrada? E se essas pequenas coisas começam a ser muitas e a deixar-me insatisfeita? Devo ignorar para me manter em paz? Devo deixar para lá ao ponto de me perguntarem o que se passa e eu ter vontade de dizer mil coisas mas não as deixar sair para evitar conflitos?
Não confundir o querer ser uma pessoa evoluida e madura com aceitar coisas que te tiram a paz. Não confundir o que aceitas com o que mereces. Não podes moldar o outro, mas não tens que aceitar algo que te magoa ou te deixa insegura.
Dias difíceis, em que a nossa segurança se vai, o amor próprio tira férias e o medo aparece em forma de gente no nosso ombro. Dias em que o coração aperta e gostaríamos que o amor que os outros têm por nós nos chegasse e se expressasse como nosso.
É nesses dias que me obrigo a pensar que o que tiver que ser será. Que se alguém estiver ao meu lado terá que ser porque quer, porque ama e porque no meio de mil opções, me escolheu a mim.
Porque se alguém tiver que me trair, deixar ou magoar, vai fazê-lo, pouco interessando se tenho esse medo ou não.
E porque se é para isso não o quero sequer ao meu lado e quanto mais depressa for, melhor. Ao meu lado quero quem me respeita e me ama, hoje. Se amanhã isso mudar, logo terei que lidar com isso, e lidarei, sempre de coração cheio de esperança de que o melhor está por vir.
Aprendeu a dar menos importância. Aprendeu a não deixar o coração apertar por qualquer coisa. Aprendeu que desilusões não matam e que para as evitar basta não criar expectativas. Aprendeu que não se pode obrigar ninguém a dar, e ainda menos a receber. Aprendeu que não tem que correr atrás de tudo ou todos. Aprendeu que dizer não é necessário e que as vontades dela também têm valor. Aprendeu a sorrir, e a rir, sem se culpabilizar. Aprendeu a fazer tudo por ser feliz, em vez de fazer tudo para ver feliz.
Há quem lhe chame crescimento, maturidade ou até egoísmo. Mas visto que ela agora pouco quer saber da opinião alheia, ela acha-se simplesmente no caminho certo, mais certo que nunca.
Sabes o quanto aperta cada vez que passas aquelas linhas amarelas e a placa "only passengers". Passas as linhas sozinha, nem sempre determinada, nem sempre corajosa, nem sempre sorridente. Nem sempre sozinha também, mas desta vez sim. E a maior parte das vezes também.
Toca a estupidez a diferença que a vida faz em cada viagem, em cada dia, em cada vai e vem. Hoje.. vais de coração apertado. Cheio, mas apertado. E manda lá foder o cheio perto do desespero de voltar ao país dos outros, à vida dos outros, à rotina dos outros que definem a tua.
Vais de coração cheio mas não vais feliz, vais perdida sem saber o que queres, o que faças, o que sintas. Vais sem rumo, com o único objectivo de ganhar dinheiro.. logo tu que sempre te estiveste a cagar para o dinheiro, logo tu que sempre soubeste que o segredo era precisar de menos. E precisas. De tão pouco. Mas há quem precise de ti. Mais.
Um passarinho quando aprende a voar, sabe mais sobre coragem que de voo.
E assim é com ela, sabe nada sobre viver, não faz ideia de como fazer mas não perde a vontade de ser feliz.
Sem vergonha de amar, partir a cara e encarar. Sem vergonha de querer ser leve, livre e diferente ou igual a outros tantos passarinhos que aprendem como ela.
Já foi mais genuína? Já. Às vezes falha a coragem? Também. Mas quando deita a cabeça na almofada sabe que amanhã fará tudo de novo.