Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Quando "um daqueles dias" passa a repetir se 6 vezes na semana e com ele começa a trazer a indiferença necessaria para lidar com a falta do que se espera, do que se quer. Quando vês que a paciência deixou de estar à prova ... e já nem te apercebes. Quando se torna normal não esperares nada, e consequentemente não dares nada.
Que merda de amor é esse mulher, que não espera nem dá para não doer? Que merda de amor é esse que já não cobra, nem "se dá ao trabalho" de insistir em pedidos já feitos. Que merda de amor é esse em que a atenção tem de ser pedida e a atitude cobrada?
Génios reconhecem-se... que pau de dois bicos! E não fosse um deles a minha felicidade, não me preocuparia com um pau na minha vida, seria apenas mais um impecilho. Mas este tem dois bicos. E gostaria realmente que os dois bicos se mantivessem.
"Vives de amor" dizes-me tu, e mal sabes o quanto já vivi sem ele. "E nem imagino o quanto já passaste" e se calhar não, e gosto tanto que nem imagines, sinal de que as cicatrizes estão maioritariamente saradas e que a capacidade de me entregar se manteve. "És movida a abraços" continuas tu, e sempre sem saber quanto medo vive em mim.
O medo, meu bem, essa besta que nos protege de sofrer a 1000... e de amar também. Essa besta que nos tenta impedir de nos darmos com tudo o que temos. Essa besta que nos lembra o quanto não devemos fazer da nossa felicidade responsabilidade de outro. Essa eu conheço. E não lhe dou ouvidos tanto quanto ela gostaria.
E tu ajudas. Sempre. Viraste o meu mundo do avesso e mostraste-me que o verdadeiro sentido da vida é, ainda é, encontrar o nosso lugar, amar, e ser amado, pelo que somos e pelo que fazemos ser.
E mesmo tendo a perfeita consciência de que não somos o outro, de que não o controlamos, nem a ele nem à vida, de que os sentimentos também mudam e de que nem sempre o nosso cuidado com o jardim chega para manter as borboletas... a vontade de amar com tudo o que tenho mantém-se, e supera o medo, chega mesmo a mandá-lo à merda.
Isso devo agradecer-te a ti e a este sentimento lindo que trouxeste contigo. E o teres dado sentido às palavras amor, namoro, respeito, compreensao, tambem.
Qual é o numero de pessoas que conheces que amam sem medo? Com idades superiores a 20, acredito que muito poucas.
Ah o medo, essa besta que nos quer gerir a vida...
Se temos gosto em saber que só partiremos a cara "um bocadinho" porque só amámos pela metade?... Não, óbvio que não, bem lá no fundo sabemos que gostaríamos de amar com tudo, como se fosse a primeira vez, em que nem sabemos que amamos ou o quanto amamos, em que nem temos noção do quanto metemos a nossa vida nas mãos de alguém, e o coração também. Mas os medos ganharam terreno com os anos e as desilusões.
Não tem que ser mau, protegermo-nos um pouco e termos noção de que a dor passa, a vida continua e que antes de qualquer "nós" existe um "eu". Respeito e amor próprio são lapidados pelo medo. Esta besta afinal até nos pode ajudar, ele mostra o quanto pode ser bom não meter a nossa felicidade nas mãos de alguém, não é peso a ser colocado nas costas de ninguém.
E alguns continuam a arriscar, e a lidar como podem com os medos. E amamos. E tentamos. E, no máximo, fingimos que doeu menos naquelas noites em que o nosso mundo parou, e na manhã seguinte vêm os sorrisos de quem supostamente amou com medo e só sofreu "um bocadinho".
Porque parece bem e nos mostra menos vulneráveis?
Porque realmente fica mais fácil?
Porque pelo menos não parecemos estúpidos apaixonados aos olhos dos outros?
Ou porque sabemos que um dia sem sorrir é um dia perdido e que qualquer dor deve ser vivida mas não mantida? ...
Whatever, só não esqueças que ninguém é estupidamente feliz sozinho, e que amar é, sem duvida, a capacidade mais graciosa do ser humano.
Ama, permite-te amar com tudo, nem que seja em segredo, se isso te faz sentir seguro.
Só não ames pela metade, não te dês pela metade a quem se dá por inteiro, não deixes o medo ganhar porque alguém não amou tanto quanto tu... a vida não merece restos, nem tu.
Acordei feita em saudades, ou vontades, ou necessidades, como lhe queiras chamar.
Toda eu sou mistura de sensações e lembranças, apeteces-me tanto.
E lá vem o tanto que tanto faz parte do tanto que somos...
Como é suposto aguentar? Como é suposto agradecer à vida a tua presença se não te posso ter? Como hei-de calar o coração e sossegar a alma?
Não sei o que acordou mais inquieto hoje, o corpo ou a alma, mas sei que toda eu sou urgências hoje.
O que sinto é urgente, o que quero é urgente, o que preciso é urgente..
Não me venham com falinhas mansas, não me venham com paciências ou teorias.
Também não me venham com "eu avisei" ou "já sabias que seria difícil". Sim já sabia, e então, tira a dificuldade por o saber?
E não me tirem. Não me tirem estes dias em que te sinto longe como o sol está da lua, não me tirem este formigueiro que me percorre irrequieto e não me deixa descansar, não me tirem este aperto no peito, sentimentos que transbordam, não me tirem esta dificuldade em respirar ao imaginar mais uma temporada sem ti, não me tirem este desespero que se apodera de mim e só pede um toque, um abraço, o cheiro e esse pescoço.
Desconfio que no dia em que me tirarem isso a vida perde o sentido, perde o rumo, perde a razão. E no entanto a razão, essa, já tu a espantaste há muito.
Não vou ser básica ao ponto de dizer que daria tudo para te ter aqui, seria bem mais fácil dar tudo para estar aí.
Mas, e deixando-a entrar, ambos sabemos que se desse tudo já aí estava.
Mas, deixas-me? Deixas-me dizer que daria muito por um abraço teu? Por um sorriso teu ou pelo teu suspiro de alívio cada vez que me agarras num aeroporto?
Deixas-me dizer que daria muito para ver esse olhinho a brilhar e sentir o nosso coração em paz?