Meio termo
Dizem que a vida se mede pelos momentos que nos deixam sem respiração. Concordo.
É quando a pele arrepia, é quando falha o batimento cardíaco, é quando o medo nos invade e a força nas pernas se vai que se vivem os momentos que ficarão na memória e farão tudo valer a pena. É quando nos entregamos de maneira a deixar de querer saber o nosso nome, porque não precisamos, porque sabemos quem somos e com o que vamos seja qual for o nome que lhe queiram dar. É quando falha a voz, o peito dispara com um som, com um cheiro, com um toque. É quando tudo perde interesse a não ser aquele momento que nos é tudo ali e agora.
Mas... e em tudo há um mas porque quem vive sem mas vive mais e bem melhor mas nao é o meu caso.
Como dizia... Mas... a alma também precisa de segurança. O corpo precisa de calma. O coração precisa de sossego. Afinal.. a vida já nos traz tanta merda não é? E como se faz para viver com tudo o que somos sem nos fodermos todos?
Tem que haver meia medida.. tem que haver um tudo de cacos, um pouco de muitos, um tanto de tudo.
Uma alma em rodopio constante não pode ser feliz ... e quando falta o abraço que reconforta? O sossego? A certeza de deitar a cabeca na almofada e saber que somos respeitados, que não estamos sozinhos, que é verdadeiro?
Mas não pode deixar de haver emoção... e quando a rotina impera? E nada faz o coração disparar, nada faz vontade?
Tem que haver um tanto de tudo.
Tem que haver tanto de ti e tanto dos outros. Ou não tem que haver nada mas é bom que haja.. porque eu digo-te, se não sabes, que quando nao há vontade, emoção e coração aos pulos , não há vida. E quando o furacao é demasiado grande ou longo, a alma procura paz e o reboliço perde a piada.
É quando consegues sentir o coração tranquilo mas o ar que falha, a consciência leve que leva ao arrepio, o sorriso rasgado sem medos... É ai que encontraste o teu lugar. Até lá.. andaste aos encontrões numa montanha russa... que vale o que vale.
S.