Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Gostava tanto de estar na vossa cabeça, no vosso coração e saber sentir o que sentem, saber pensar o que pensam.. sinto-me inutil e limitada, sinto que não penso nem metade do que deveria, não sinto nem um milésimo do que vos atravessa a alma todos os dias.
Gostava.. gostava de vos compreender como se de mim se tratasse. Gostava tanto.
É um daqueles dias. Já te disse o quanto eu não gosto destes dias? E no entanto são os dias mais dias, são os dias em que a realidade ganha corpo e me esbofeteia com verdade e sem piedade.
Sim, tem sido uma luta. Não o foi sempre, pelo menos tão atroz, e ainda bem, mas há imenso tempo que se tornou numa luta cada vez mais insuportável.
Fingir que esta vida é suportável. Fingir que o meu dia a dia é bom, que me levanto com um objectivo de manhã. Fingir que treinar meia hora por dia e recusar sobremesas é suficiente para que a vida valha a pena.
Sim, continuo a considerar-me uma cheia de sorte, sempre... pela força que me acompanha, pelo amor que me me abraça, por poder dar valor à vida graças a tudo o que ja vivi ou me vi obrigada a não viver. Mas isso não é suficiente para que 24h/365dias valham a pena ou sejam menos penosos. Isso não é suficiente para que agradeça a cada amanhecer e para que o sorriso venha solto todos os dias.
Hoje digo, tens razão, tem sido uma luta. Digo hoje, porque hoje é um daqueles dias. Já te disse o quanto não gosto destes dias?
Dias que me fazem querer que a vida passe mais depressa. A semana que seja de muito trabalho para não dar por ela. A folga que passe bem depressa, não fosse a necessidade de dar descanso ao corpo e até ma podiam tirar. A noite que não seja de insónias porque o meu cérebro um dia acabará comigo e a minha alma pede amor e paz. Os dias que sejam de sol, é dos poucos prazeres que ainda sinto.
Anseio pelo dia em que vou poder lutar para viver e não para sobreviver. Anseio pelo dia em que me posso soltar deste peso e voltar a quem sou, onde pertenço, sem medos ou cordas invisíveis - mas bem perceptíveis - que me prendam aqui.
Sou mulher de mudar o que não me faz feliz, sou mulher de luta, sou mulher de vida ! E preciso tanto de voltar a dar um sentido a isto tudo..
Não demores, por favor, não demores, vida. Não quero desistir antes de tentar e começo a não conseguir saber para onde me virar, onde me agarrar.
Tenho por hábito utilizar a expressão "de coração cheio" quando me sinto tão feliz que não cabe no peito. Hoje é diferente. Hoje escrevo com o coração cheio de apertos, cheio de saudade, cheio de amor - sempre o amor - e de vazios. Porque um coração também pode estar cheio de vazios, sabias? E se não são esses os que mais queimam, então eu não percebo nada disto.
Tenho nestes vazios a prova de que sou mais forte do que pensava, e se eu alguma vez me imaginei a viver de vazios... E não vivo.
Tenho nos meus passos a certeza de chegar sempre mais além, e com ela a certeza de nunca ser como eu estou à espera, e que delícia que é não saber o que me espera.
Tenho no meu melhor foda-se a resposta a quem me julga sem calçar o sapatinho, e no coração a compaixão e o desejo de que sejam imensamente felizes.
Tenho no olhar a capacidade de avaliar, conhecer, errar e aprender. E que eu nunca deixe de errar, ouvi dizer que quando se deixa de errar se deixa de viver.
Tenho nos joelhos as cicatrizes de uma infância bem vivida e na alma algumas que nunca conhecerás, não por ser uma mulher super gata e misteriosa, desengana-te, apenas porque estão saradas e bem arrumadinhas.
Tenho na atitude o querer ir sempre em frente, e saber que cair é necessário mas não eterno. E ai de mim se me tiram esta vontade parva de ser feliz. E ai de mim se me tiram o direito de deprimir 1dia, ou 100, já não se pode sofrer, que é como quem diz viver, em paz?
Tenho no peito um coração cheio de tudo, de vazios e amor, de dúvidas e certezas, de ansiedade e paz. E ai de mim se me perco deste caminho intenso entre o Amo-te e o quase te odeio que dá a essência àquilo que sou. E ai de mim se deixo de acreditar que sou uma mulher feliz capaz de fazer os que amo felizes. Oh gaiata complicada esta..
Tenho em mim a noção de nada saber, de tudo querer, de sempre arriscar. E que nunca me tirem esta mania de sempre arriscar e partir a cara e levantar e continuar a acreditar que enquanto o destino for amor, o caminho vale a pena.
Hoje escrevi com o coração na boca, a mente aberta, os pés no chão e os pensamentos bem soltos. E tenho em mim a certeza absoluta que nem sempre será fácil mas que o meu coração me levará sempre ao meu lugar.
Gosto de acreditar que o mundo é cheio de pessoas que amam e são amadas, de pessoas que se sentem no seu lugar como eu me sinto contigo, de pessoas que estão em paz com elas mesmas e com os outros.
Gosto de acreditar que és tão mais feliz comigo como eu sou contigo. Não, não te pus a minha felicidade nas mãos, não, não depende de ti o meu sorriso, nem tão pouco te dei o poder de me derrubar.
Mas dei, de todo o coração, por vontade - muita - e sem favor, o poder de amar e ser amado na mesma medida, a possibilidade de fazeres um sorriso mais feliz, de fazeres o amanhecer mais agradável e o anoitecer mais deslumbrado, de dares todo um novo sentido à minha rotina que te recebeu de braços bem abertos.
E gosto, gosto de acreditar que há mais pessoas a viver um amor lindo assim, um amor sem mimimis, merdas e apetrechos, sem complicómetros e com esta cumplicidade desmedida e inesperada.
Gosto de acreditar que será sempre tudo rosas mesmo eu sabendo perfeitamente que não mas tendo a certeza absurda que conseguiremos lidar com isso. Mas gosto principalmente de acreditar que te sentes amado e genuinamente mais feliz.
Leva-me contigo, na palma da tua mão, porque para loucos bastamos nós, e para apaixonados também.
Tu, que dizes sempre "este ano é que vai ser"... e foi. E desta, tens a certeza que foi diferente.
Foi um ano cheio de emoções, muita mas mesmo muita luta, contigo, com os outros, pelos outros.
Foi um ano que sem dúvidas nenhumas te mudou e mudou a tua vida para sempre.
Foi um ano que te ensinou a toque de pancada, e que te feriu irremediavelmente. E se há feridas que nos mudam não é ?...
Este ano foi sem dúvida diferente. Hoje sabes o que amas, a quem amas, o que queres e o que permites. Por uma vez sabes o que queres... tu, que sempre disseste saber o que não querias.
Hoje sentes-te mais completa, mais madura sem perder a coragem infantil que te permite não te perderes. Mas mais pesada também. Porque andas com esse passado às costas? Se hoje sabes o que é importante para ti, o que te leva para a frente e finalmente decidiste que queres andar para a frente...?
Viveste, sim.. sofreste, foi um ano macabro... e aprendeste, valha-te isso. Nao achas que está mais do que na hora de agarrar a aprendizagem e largar tudo o resto?
Este ano foi sem dúvida diferente, este ano permitiu-te encontrares o teu lugar. Não o percas de vista.
E quando baterem as doze badaladas enche o peito de ar, enche-te de coragem, enche-te de amor e não olhes mais para trás.