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Miss Gemini's Blog

Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras... Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.

Miss Gemini's Blog

Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras... Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.

O luto volta a atacar

Pouco se fala de luto, o luto pela morte de alguém. Mas tanto se fala de luto, o luto pela perda de alguém que ainda está vivo. O luto pelo fim de um casamento, pelo fim de um sonho, pelo fim de uma amizade... Desconfio que não se fala do luto por falecimento por ser uma dor indiscritível, e por ser um tema do qual o ser humano não gosta de ter consciente. Afinal, todos sabemos que a morte faz parte da vida, mas seria insuportável viver o dia-a-dia com essa consciência em relação a todos os que nos rodeiam. A nossa mente é bem astuta, tira-nos do foco o que nos impede de andar para a frente, e ainda bem. 

Mas aqui eu escrevo sobre o que sinto. E hoje o luto voltou a bater, com a força de uma tempestade que leva tudo à frente. Como me disseram, o luto não é um interruptor que ligamos e desligamos quando queremos... É o desespero avassalador que nos invade a meio de uma tarde alegre de verão. É a tomada de consciência que o cérebro tão bem tentou guardar. É a lágrima a sair sem aviso e uma sensação de vazio no peito que mais nada consegue preencher.

E começo a desconfiar que é nos melhores dias que mais dói. Inicialmente porque nos sentimos culpados por nos estarmos a 'sentir bem'. Depois, com o passar do tempo e a aceitação de que a vida tem que continuar (pelo menos a nossa) dói porque percebemos que qualquer dia bom nunca mais será tão bom como podia ser estando aquela pessoa presente. Percebemos que não podemos partilhar as conquistas com ela, que não estará na festa dos teus 40 para soprar as velas contigo e quiçá, para ser avó. As viagens que ficaram por fazer, os sítios que queria conhecer, os momentos de colo, as tardes de filmes no sofá, os passeios à praia que tanto adorava.

Hoje bateu sério. Vi videos e fotos. Já que bateu eu vou lhe dar o que doer. Fui buscar recordações que normalmente mantenho longe da vista (diz que assim se mantém longe do coração, e o meu que já sofreu demais, pede consolo). Que saudades tuas mãe. E que revolta eu senti hoje por não ter feito mais, e melhor. Por não ter tido a maturidade que tenho hoje para lidar com as tuas necessidades e dificuldades. E mesmo assim sempre te mantiveste forte, lutadora e com um coração enorme! É das coisas que mais me marca, as armaguras da vida não te tiraram a bondade. As injustiças da vida não te tiraram nem um pouco de amor. A tua base era o amor. Há quem me diga que deveria olhar para a tua força como um exemplo, por teres enfrentado cada rasteira que a vida te trouxe com mais garra que anteriormente. E no fundo eu gostava de ter essa tua força, mas não tenho conseguido seguir-te o exemplo. A tua partida levou uma parte de mim, e deixou um amor que não tem quem amar. Tornei-me amarga por um momento (um largo momento). Aos poucos voltei à base, mas não consigo olhar para as dificuldades com essa garra toda, olhar para os teus feitos como exemplo. Talvez um dia, e se não conseguir transformar esta dor em amor... Pelo menos que saibas que eu tentei.

Miss you, mum. Olha por mim, por favor.

Hoje preciso de fé 🤍

Até que ponto é a vida que decide por nós? Vais-me dizer que somos nós os responsáveis pelas nossas escolhas e o nosso caminho é a consequência delas... E bem que concordo. Mas, e aquelas voltas que a vida dá em que te vira de cabeça para baixo quando menos esperas? É que se há coisa que entendi é que quando começas a saber todas as respostas a vida vem e troca todas as perguntas, e a vida tem o dom de te deixar desconfortável quando te quer obrigar a mudar algo. Acredito que andamos por cá para evoluir e que a vida nos coloca à prova nesse propósito, mas talvez me ande a focar demasiado em aprender, e me ande a esquecer de viver. Sentes o mesmo? Talvez sejam os devaneios de fim de ano que já me batem à porta (bem cedo por sinal), mas hoje foi um dos dias em que parei, olhei à volta e me questionei: como cheguei aqui? Na vida profissional, na pessoal, e até em relação ao espaço físico.

E com a chegada do Natal, bateu uma vontade de voltar a acreditar em magia, voltar a acreditar que a vida sabe o que faz, que há uns cordelinhos que nos puxam e empurram na direção certa. Devaneios, como referi. Mas quem nunca teve fases em que a fé tornou tudo mais fácil e suportável? Fé na magia da vida, fé no destino, fé no propósito, fé num amanhã melhor 🤍

Uma luta contigo mesma

"Se fosse bom não estava guardado para ti."

Quem também ouviu isto em pequena? E hoje dá por si a dizer "se fosse fácil não era a mesma coisa, ou não era para mim"?

Eu cresci numa casa disfuncional, e fui criada por uma mulher que, tal como eu, era muito corajosa mas muito frágil. Ela mostrou-me que sabia ser forte em algumas áreas, principalmente quando teve que lutar pela propria vida. Mas mostrou-me ao longo de muitos anos que era fraca em varias outras. Uma mulher é isso mesmo, um conjunto de forças e fragilidades, mas percebo hoje que devem ser bem balanceadas. A minha mãe era fraca na sua autoestima e carência. E era forte na sua garra e determinação. Ía contra tudo e todos se sentisse que para ela fazia sentido, mas quebrava quando lhe faltava apoio. Era forte na sua generosidade e empatia, mas fraca na maturidade emocional e convicções. Era um misto mal equilibrado, que nunca lhe ensinaram a equilibrar. E sabendo que ela fez tudo o que podia e sabia, hoje, como mulher que se dá valor, sinto pena por ela não ter conseguido ver-se com o valor que tinha. E ainda dou por mim com o mesmo mindset.. como se o sofrimento fosse motivo de orgulho. Como se o fácil estivesse guardado para todos menos para mim. Como se não o merecesse. Tenho que me policiar ainda hoje para fazer a distinção entre as crenças dela e as minhas. 

Mas uma coisa eu aprendi, que sofrimento não é sinonimo de força. Não preciso sofrer para me sentir forte. Não tem que ser o difícil a dar-me valor.

E na realidade nunca me vi como forte e por isso não adoro quando me chamam assim. Sou corajosa, dou o peito às balas, vou com medo mesmo! Mas vou, sempre, com medo. E abano muito, por vezes por muito pouco. Abano e caio, e demoro a levantar-me. Sou emocionalmente instável, indecisa e insegura. Isso não é ser forte. Mas uma coisa eu sou.. corajosa. E tenho como meta, hoje, ser o mais feliz que consiga.

Venha de lá a aprendizagem, a terapia, a desconstrução de crenças que me limitam e eu a provar ao meu cerebro, às vezes, que somos melhores do que ele acredita. Porque se ninguém acreditou em ti, está na altura de tu o fazeres. Nem que seja por pirraça , por birra, por manha.. prova ao teu cerebro que ele está errado! Porque se não tiveste um pilar, serviste de pilar aos outros e isso esgota porque te vêm como forte quando tu te sentes em pedaços a precisar de colo e acolhimento. Dá-te esse colo. Não tens que ser tudo por todos.. sofrimento não é sinonimo de força. E cá entre nós, se não te vires como forte, pelo menos prova-te como corajosa!

O que peço à vida? Que nos guie num caminho mais calmo e leve, que nos dê clareza para aprender as lições sem porradas tão dolorosas e que sejamos fortes, muitos fortes, quando a vida assim o exigir. Mas não por escolha nossa.. repete comigo, sofrimento não é sinonimo de força.

Feijãozinho ❤️

Ola meu pequeno feijãozinho. Hoje soube que ías fazer parte das nossas vidas. Que através de ti o Universo abençoou uma das pessoas que mais amo. E eu não cabo em mim de felicidade. Há muito que esta tia não sentia nada assim, e desde já, agradeço por isso. Não podia estar mais grata por poder ver mais uma transformação da tua mãe e ter a honra de ajudar e aprender nesse processo. Estou tão feliz com a tua chegada!

Quero que saibas que nunca te faltará amor. Que és, desde já, uma benção nas nossas vidas, e que esta tia fará tudo o que conseguir para que quase não sintas que não sou tia de sangue. Sei que os pais farão tudo por ser os melhores pais que poderão ser e sei que ajudarei para que isso aconteça. Mas sinto que já sabes isso, não é? Ou não os terias escolhido para teus pais 😉 

Assumo como missão mostrar-te o que de melhor têm o mundo e as pessoas. A bondade, a alegria, o amor, a compreensão, valores como o respeito, o compromisso e a aceitação. Mas isso é uma missão minha. A tua é agarrares-te e aconchegares-te aí dentro, cresceres forte sem dares muitos enjoos à mãe, tomares o espaço que dentro do nosso coração já é teu. Que jornada que aí vem 🙏🏻

Ao Universo peço que retribua tudo de bom que esta nova mãe merece, que acalmem as provas de vida e por um momento lhe dê descanso e espaço para aproveitar esta nova etapa e que te encha de saúde e vitalidade.

Se puder mostrar-te uma unica coisa nesta vida, que seja que nunca te faltará amor, um lar para te apoiar e pessoas com quem contar. Bem-vindo à familia, feijãozinho.

Vai passar.

E porque nem só de dores nascem textos, hoje sinto a necessidade de te escrever sobre bênçãos. Podes pensar que escrevo porque tenho uma vida melhor que a tua, porque tenho menos problemas que tu ou porque não imagino o que tu passas. E a verdade é que não imagino, não consigo sentir as tuas dores e angústias, mas como todos nós, sinto as minhas. E é exatamente por ter passado momentos de desespero, em que não via a luz ao fundo do túnel, em que pensava que nunca mais ía ver um sentido na vida ou um motivo para ficar que te escrevo hoje.

Quero dizer-te, deste lugar de fala que só experienciou o meu, que vai passar. Andes assim há um mês, ou dois anos, vai passar. Vais voltar a ver a beleza nas pequenas coisas, vais voltar a sentir entusiasmo e esperança, vais voltar a dar o melhor de ti ao mundo. Vais voltar a conectar-te contigo e a sentir-te grata por cada momento bom, e, quiçá, cada lição que a vida te colocou no caminho.

Mas também me sinto na obrigação de te falar com verdade. Não vai passar sozinho. Vais ter que fazer a tua parte, e eu sei que neste momento podes não fazer ideia do que fazer para sair desse estado de desesperança. Estás a ler este texto, como provavelmente já leste milhares de outros, e a questionar-te 'ok, e como é que eu faço isso? Onde está o botão para sair desta angústia e voltar a sentir-me eu?' e tudo o que te posso dizer é do mais clichê que já ouviste.. é nas pequenas coisas.

Primeiro da-te tempo para te sentires confortavel no desconforto, não procures pensos rapidos, distrações. Permite-te sentir o que te anda a pesar. Enquanto não encarares essas emoções de frente, elas não vão embora. Vive a tristeza, a angústia, a desesperança. Questiona porque aí está. Aceita-a dentro de ti como parte de ti, mas não como o todo. És todos os sentimentos do mundo, os bons e os maus, nenhum deles te define mas todos moram em ti, e ainda bem que assim é. Permite-te sentir.

Neste processo afasta-te, ainda que temporariamente, de quem não te faz bem. De rotinas que em nada te acrescentam e te sugam.

Depois, começa aos poucos, em pequenos gestos. Começa por praticar a bondade, dá uma esmola, ajuda alguém que precise de ajuda, esforça-te por sorrir ao senhor do café, dá um elogio a alguém. Aproveita e opina menos, ouve mais. Depois cuida mais de ti, acrescenta um copo de água em jejum, tira 10min por dia para fazer uma rotina de skincare, inclui frutas na tua alimentação, faz uma caminhada uma vez por semana.. o que te fizer sentido, escolhe uma e esforça-te por cumprir, antes de juntares outra para não te assoberbares. Pequenas coisas, o que se encaixar no teu estilo de vida, para que comeces a sentir que estás a querer cuidar de ti. Trinta minutos por dia só para ti, se formos sinceros, não é nada em 24h que todos temos.

E se conseguires, lembra-te do que pedias ao universo há 5 anos, 3 anos, 1 ano.. quantas coisas se realizaram? Foca-te nelas. Quando estavas doente e só pedias saúde. Quando um familiar adoeceu e só rezavas para que melhorasse. Quando o dinheiro escasseou e não pudeste ir de férias. Quando ficaste sem um sítio certo para viver e ansiavas pelo teu cantinho. Quando te sentiste sozinho e pediste por uma amizade verdadeira. Consegues ver essas bênçãos hoje? Se calhar nem todas te farão sentido mas procura aí as tuas. E aprecia mais o que tens e menos o que achas que te falta. Porque se a vida acabar amanhã, o hoje é tudo o que te resta, e quer seja bom mas não o consigas ver, ou mau e te custe a aceitar.. o hoje é tudo o que te resta. Uma coisa eu posso garantir, vai passar. Vais voltar a sentir-te melhor, como aconteceu todas as vezes que achaste que era o fim.. e não foi! 

 

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