Não é(s) para qualquer um
Uma vez falava das dificuldades que sentia no meu emprego, e alguém que conhecia a empresa disse-me que aquilo não era para qualquer um. Não no sentido de sermos mais do que os outros mas porque era realmente desafiante e era preciso estômago para lidar.
Hoje apercebo-me que acontece o mesmo comigo. Não sou para qualquer um. Nunca fui. Não sou fácil de lidar, exijo entrega, resiliência e paciência. Exijo tanto (ou mais) quanto tenho para dar. E não podia estar mais satisfeita com isso. Porque sei que quem fica, realmente merece o seu lugar.
Passei a minha vida a tentar encaixar-me. A calar-me para buscar aprovação exterior. A focar as minhas energias a fazer com que gostassem de mim. E esqueci-me de me perguntar se eu gostava deles. Esqueci-me de me questionar quem eu era.
Se tirares o teu emprego, a tua família, o teu estatuto, a tua conta bancária, as pessoas com quem te dás... Quem és tu?
Quando deitas a cabeça na almofada, do que te orgulhas? Do que tens medo? Quando tens um problema, ages ou reages? Quando erras, assumes? Conheces a tua realidade, os teus defeitos? Assume-los? Ou continuas a remar contra a maré e a tentar camuflar essas falhas?
Porque para mim ficou claro que aceitar o que sou me trouxe paz, não levou ninguém que não estivesse mais, e me permitiu ser genuína sem medo de ser abandonada de novo. Se acontecer não é abandono, é a paz de não estar rodeada com quem não me quer bem, não me respeita ou não me aceita pelo que sou. E todos nós, uns com mais falhas que outros, merecemos não nos questionar constantemente, não viver com receios e dúvidas por colocamos a nossa felicidade nas mãos de alguém de fora, não sentir constantemente que não chega.
Assumi a minha maneira de ser. Óbvio que quero melhorar, óbvio que quero trabalhar nas minhas falhas, mas para já é o que temos, e é mais do que o suficiente!