Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Cresci a acreditar que a familia tem o direito de nos faltar ao respeito. Que viver a gritar é normal. E que quando alguém está triste todos têm que estar. Cresci a dividir o meu quarto de onde se entrava e saía sem nenhum aviso, zero privacidade. Cresci a ver que bater era frequente, que quando os adultos discutem nós é que temos que sair, e que todos temos o direito a dizer o que quisermos, principalmente da vida dos outros.
Sempre me senti deslocada, enquanto repetia os comportamentos que via para tentar descobrir o que me fazia sentido.
Alguns deles enraizaram-se (infelizmente), com outros nunca tive afinidade.
E hoje continuo a sentir-me deslocada numa sociedade onde o dinheiro comanda a vida e é motivo para passar por cima de qualquer um. Onde o respeito ja nao mora. Onde os principios raramente se defendem. Onde se chora porque alguem nao repostou um stories. Onde relações acabam por falta de uma mensagem de boa noite. Onde ser casado passou a ser cativante. Onde estar parado em silencio 2h no meio do mato a fazer NADA é meio alucinado. Onde se vive para trabalhar e reclamar do transito. Onde se descarta mais depressa uma amizade do que uma fatia de pizza no frigorifico. Onde se toma comprimidos para obrigar a maquina a continuar a trabalhar bem acima das suas capacidades.
Nao me enquadro.
Eu acredito no "nao julgarás" apesar de nao acreditar em Deus. Acredito no "perdoa os teus inimigos" e no "amai-vos uns aos outros". Acredito que todos conseguimos viver uma vida mais feliz aplicando algumas diretrizes da biblia.
Tento lembrar-me frequentemente de que nao valemos nada, somos carne que morre e apodrece, sem aviso, e a vida seguirá como se nada fosse. Que nada acabará quando acabar para mim. E daí penso: isto é uma peça de teatro sem ensaios, vamos fingir que é um ensaio e não levar tudo tão a serio. Se correr mal, eu tento de novo, o que de pior me pode acontecer?
Confesso que penso assim agora, depois de perder a minha mãe, depois de perceber o quanto nao valemos nada e temos o tempo contado.
Porque às vezes tudo o que preciso é de um picnic na mata com os que amo. Um abraço silencioso e apertado quando chego a casa. Uma tarde de mimos com o meu gato. Um telefonema de 2h onde posso ser eu mesma e me sentir amada por isso.
Auto-estima, essa "coisa" que muitos anseiam e nao sabem como la chegar. Vamos esmiuçar o assunto?
Auto-estima é termos estima por nos mesmos e sabermos que merecemos a estima dos outros. É dar-nos o devido valor e não aceitarmos menos do que merecemos. É nao depender do avale alheio para sabermos o que somos. Certo? Tudo isto se torna fácil quando confiamos em nós e nas nossas capacidades. E onde vamos buscar essa confiança? Conhecendo os nossos pontos fortes e fracos, mudando o que nos limita e aceitando que ninguém é perfeito, escolhendo as nossas batalhas.
Auto-conhecimento é a chave, na minha opinião. O auto-conhecimento da-nos ferramentas para nao nos afetarmos com opiniões alheias pois sabes quando sao validas ou nao. Se sabes que és um bom amigo nao te afetará uma critica nesse sentido. Se sabes que das o teu melhor no teu emprego não teras medo de ficar desempregado. Se sabes que és forte emocionalmente nao teras medo de arriscar e cair.
Essa confiança permite-te nao depender dos outros e não apoiares a tua felicidade noutra pessoa.
Nao sou adepta do "aceita-te como és e os outros terao que aceitar também". Se es uma pessoa de bosta, nao convém que te aceites como és, pois nunca te tornaras uma pessoa decente. Se nao procuram a tua companhia algo esta errado contigo. Se nao contam contigo em momentos de aflição, algo esta errado contigo. Se estás nas mesmas condições profissionais ha mais de 3 anos, algo esta errado contigo.
Mas calma... estar errado nao quer dizer que tenhas que mudar. Eacolhe as tuas batalhas, vê o que te incomoda neste momento e melhora nisso, sem a obrigatoriedade de mudar em tudo.
Se a tua baixa auto-estima se deve a falta de conhecimento e teres medo de ser julgada nas tuas opinioes, estuda, informa-te, define a tua opiniao com fundamentos. Se se deve ao teu corpo, assume um compromisso contigo propria e treina, alimenta-te bem, procura ajuda. Respeitares esse compromisso (ou outro que assumas) vai trazer-te confiança por saberes que és capaz de fazer aquilo a que te propoes. Se se deve a insegurança, vasculha os teus pontos fracos e fortes, conhece-te, assume as tuas falhas e acertos sem depender da opiniao de terceiros. És util na vida dos que te rodeiam? O que tens para acrescentar aos outros? Se pouco, trabalha nisso. Torna-te alguém mais agradavel, reclama menos, ouve mais, sê mais disponível. Sao tudo coisas que podes mudar.
Partindo sempre do principio de aceitar o que nao te limita e alterar o que te incomoda e paralisa.
Conheceres-te da-te confiança, que te permite arriscar sem medo de cair, por saber que serás suficiente para te levantares e tentares de novo.