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Miss Gemini's Blog

Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras... Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.

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Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras... Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.

Arroz-doce

Tenho pensado em ti mais do que gostaria. Sinto-me a atravessar tudo de novo... as insonias, o aperto no peito e as lágrimas que correm por miseros detalhes.

Ontem foi por um arroz-doce. Sempre foi a minha sobremesa preferida, o teu, e tu sabias. Ontem ofereceram-me arroz-doce e após a excitação da gula vieste-me tu à ideia. Os teus olhinhos a brilhar com uma taça de arroz-doce feita com muito amor quando ja só um braço respeitava a tua vontade. Uma pessoa paralizada do lado esquerdo e com graves mazelas emocionais levanta-se da cama com a missão de fazer a sobremesa preferida da filha e apesar das dores, desconforto e esforço, faz a sobremesa e entrega-ma com os olhinhos a brilhar de orgulho! O teu esforço, a tua força, o teu amor... nao consigo pensar nisso sem chorar. Queria ter conseguido dar mais valor ao que vivi contigo. Queria ter percebido melhor a tua dor. A seguir vem o arroz-doce que me guardaste no hospital no dia do meu aniversario. Abdicaste da tua sobremesa (e se eras gulosa...) por ser a minha preferida. A seguir vem as taças enormes que sempre me esperavam quando voltava da Suíça...

Uma parte de mim sabe que nao esteve à altura do desafio, e escusas de estar aí a abanar a cabeça e a dizer-me que fiz o melhor que soube... se assim fosse hoje nao doía tanto e eu nao sou nenhuma garota fraca a quem tens que convencer que nao errou, nao mais. Errei, e feio. Errei porque nao consegui aceitar a gravidade da situação. Errei quando deixei que o meu cerebro nao visse o que realmente se passava, o que realmente tu sentias. Fui fraca para acreditar que tu conseguias viver assim, que nao podia ser tao mau. Mas era. E hoje culpo-me. E deixa culpar, é a culpa que nos molda, é a dor que nos transforma. E ja que te levaram de mim, que eu cresça com isso.

Um mero arroz-doce e tu nao me sais da cabeça. Uma mera sobremesa e tudo me doi.

Nao falo da dor no peito da ansiedade a bater nas alturas, nao falo das dores musculares que a depressao acarreta, nao falo das dores de cabeça provocadas pelas insonias. Falo de outra dor. A dor do vazio, a dor da saudade, a dor de nao te ter nem para um abracinho rapido. A dor de saber que, viva eu o que viver, nunca mais te verei. Falo de uma dor de alma. Passado um ano e meio admito... uma parte de mim foi contigo. Uma grande parte de mim.

Guarda-a bem, um dia resgatamos os pedaços juntas ♡

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