Caminhos
Vejo varios caminhos possíveis para esta merda que nos é imposta como vida adulta, onde se acaba com a saude para se obter o dinheiro que nos pague os hospitais.
Os que decidem aproveitar ou aprimorar as suas capacidades de comunicação e vingar no mundo online viajando pelo mundo de caravana, sao chamados de loucos irresponsáveis. Os que se mudam para o campo e cancelam qualquer serviço de internet, vao enlouquecer alienados. Os que trabalham pouco ou nao trabalham sao chulos do estado/contribuinte. Os que trabalham e estudam que nem loucos focados nos seus objetivos sao parvos porque nao estao a viver nada e a vida nao pode ser so trabalho, alem do bonus "aquilo nao dará em nada".
Sao tantos os caminhos...
Depois ha a maturidade que se anseia, e como la chegar.
Se uns acreditam que somos seres de luz e que conseguimos tudo aquilo em que acreditamos, lei da atração e destino, e que somos "especiais"; outros sao mais racionais, pragmaticos, fortes e praticos.
E era aqui que eu queria chegar.
Li um texto que me deixou admirada pela nossa diferença de visões. Numa situação em que uma mãe acaba de ser diagnosticada com uma doença grave, o texto era inteiramente sobre os sentimentos da filha. A dor, a revolta, o amor e a coragem, da filha. Nao me fez sentido, e por isso mesmo fez-me refletir.
Eu acredito que conseguimos quase tudo aquilo a que nos propomos, com muito esforço e trabalho. Eu acredito que o amor é a base de tudo, mas não esqueço de me preparar para a maldade. Eu escolho tornar-me forte. Fisica e emocionalmente. Para poder amar sem medos. Sem expectativas. E com a consciencia de que, de um dia para o outro, tudo pode desaparecer e eu chegarei para me agarrar.
Eu acredito que ganhamos vida ao deixar vinganças e discussões de ego para trás. Ser envenenada e manter o veneno no meu corpo só me prejudica a mim.
Entre "eu vou agradar, porque sou especial, porque sou amor" e "sei que fico bem se nao gostarem", eu escolho a segunda.
Com todo o respeito que tenho pelo caminho que cada um escolhe, permito-me apresentar o meu.
Fortalecer-me emocionalmente para poder lidar com toda a merda que a vida traz, porque sempre traz, e eu nao quero agarrar-me ao vitimismo do "porquê a mim? Porque tudo me corre mal?" (não há um porquê, é a vida a ser vida). Este raciocínio vitimista leva-nos a só olhar o nosso umbigo. A nossa dor sobre todas as outras (porquê eu...).
Meditar, viver mais no presente permite-nos encontrar compreensão, beleza e motivos para sermos gratos e valorizarmos o que temos. Tirar o pé do travão, e já que não tenho coragem para largar tudo e ir viver para a natureza, estando eu a viver a vida adulta tipo ratinho de laboratorio, escolho correr na rodinha nas 8horas de trabalho, e ser livre nas outras 16. Pensar fora da caixa, estudar, ler, questionar o que me é imposto como verdade absoluta, passar tempo comigo e com os meus demonios, conhecer-me e amadurecer.
Fortalecer-me fisicamente para conseguir, aos 70, ir a casa de banho sozinha, e para ter em mim a confiança de uma mulher capaz de subir 15 andares de escadas sem dificuldade... qualidade de vida.
Acreditar na vida (ou universo, ou energias, ou Deus, como preferirem), que viemos com uma missão e a nossa aprendizagem está traçada, seja qual for o caminho que o corpo escolha. Daí não acreditar em coincidências e sentir que a vida se resolve sozinha. Quando penso em qualquer um dos momentos em que senti que nao conseguia lidar mais, tudo me ensinou o que tinha a ensinar e tudo voltou a parecer no lugar certo. Quando pedes coragem, ela envia-te situações onde possas ser corajoso. Se pedes paciência, ela da-te a oportunidade de seres paciente.
Deixarmo-nos de mimimis, de nos ofendermos com tudo, de acharmos que alguém nos deve alguma coisa e tirar-mos o foco do nosso umbigo, da nossa dor, da nossa infelicidade. Não que nao acredite que todos somos merecedores de felicidade, mas sei que depende muito de nos mesmos e nao tanto das circunstancias.
Temos que dar se queremos receber. Se a amiga nao me convidou para sair, será que tenho sido uma boa companhia? Sera que recusei as ultimas 3 vezes? Se o marido não convida para jantar fora, será que não ando de pijama de flanela em casa ha mais de 15dias? Ha quanto tempo nao lhe dou o meu melhor? Vejo uma tendência para sobrevalorizar o que se da e desvalorizar o que se recebe.
Resumindo, ser forte! Ser adulto preservando a criança sonhadora. Porque tenho para mim que no caldeirao onde tudo isto se fabrica colocam algum proposito, uma sorte aqui e acolá e uma pitada de coragem para ir atras do que nos faz vibrar.