Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Não sei nem porque escrevo sobre isto. Hoje. Não é meu hábito mas estou chocada.
Tenho passado imenso tempo nas redes sociais, demasiado admito. E cada vez fico mais incrédula com o que vejo.
Eu sou o género de utilizador que vê, absorve, pesquisa, mete likes no que gosta, partilha de vez em quando o que lhe apetece mas raramente comenta. E se vejo algo que me parece disparatado reajo na cabeça mas não passo para o écran. Estimo que cada um tem o direito à sua opinião e que essa "guerra de comentários" em nada contribuirá para a minha felicidade. Nem da outra pessoa.
E fico, cada vez mais incrédula com a frieza, falta de educação e abuso que algumas, grande parte, das pessoas têm atrás de um computador.
Dão-se ao direito de criticar, rebaixar, chamar nomes e maltratar outras pessoas de forma gratuita e sem motivos, a não ser a outra pessoa ter uma opinião diferente da sua.
Acabo de ler comentários numa dessas charadas de "descobre o resultado final" que se vê tanto pelo facebook.. uma menina comenta o que acha ser o resultado e uma senhora vai e responde ao comentário dela com um valente "vai aprender a contar". Estou chocada. Este género de "veneno gratuito" incomoda-me.
Tanto pela menina que leva com uma resposta destas o que certamente lhe animou a manhã .. como pela senhora que certamente é uma pessoa muito amarga no dia-a-dia. Isto não passa de um exemplo no meio de tantos que se vê todos os dias.
Como é possivel distribuir "veneno" assim? Como é possivel as pessoas acharem-se no direito de diminuir, criticar e deitar abaixo alguém que grande parte das vezes nem conhecem? Onde está o respeito? A boa educação? O bem nas pessoas?...
Não pensam em distribuir o bem, os elogios, o reconforto com a mesma facilidade com que distribuem o mal? Será realmente que são felizes assim? Será que passam o dia a levar com críticas dos outros ? E mesmo que seja o caso, isso dá-lhes o direito de distribuir ódio ou rancor por onde passam?
Tentas ser alguém melhor, menos negativa, menos stressada, menos preocupada mas sempre disponivel. Tentas compreender que os outros têm a sua realidade, nem sempre de encontro à tua, e que só tens que aceitar isso.
Mas sentes-te magoada. Desde quando deves aceitar ser ignorada consoante a necessidade e não teres o direito a te ressentires?.. Tentas por tudo compreender e aceitar, até ficar feliz por a outra pessoa estar feliz assim.
Mas merda. Dói. Dói não ser prioridade. Dói não ser nem opção. Isso é o que mais dói.. não seres nem opção para quem para ti é tudo. Não seres nem opção quando não precisam.
Sabes bem que provavelmente as hormonas estão a falar por ti, que és mimada o quanto baste (e quanto sobre também) e que não devias pensar assim, sentir assim. .
Mas merda. Dói. Hoje dói. E dás-te ao direito de dizer " olha, nunca abro a boca mas.. merda, está a doer!"... não dizes, mas pensas, e escreves, não fosse este um texto teu, era o que faltava não poderes escrever...
E pensas, e escreves, e massacra, e dói, e engoles, e amanhã será um novo dia, e pode ser que doa menos, pode ser que te lembres menos , pode ser que consigas ocupar a cabeça e não pensar de todo.
Mania a tua de te vitimizar, depois de tudo, até te fica mal..
Para quem vê num simples avião ora a chegada da felicidade ora o negro de mais um ano longe.
É sempre quando nos aproximamos das nuvens. Tanto na subida como na descida.
Na subida da ida aparece o sossego de estar quase, de ter acabado "o ano". Na descida bate aquele friozinho na barriga e a ansiedade e sede de finalmente viver.
A subida da volta é a certeza de que não há volta a dar, "o ano" começa. E na descida.. Aquele desespero que nos corrói, a negação, o "não quero, levem-me daqui, não consigo", às vezes o "vamos lá pensar que são só mais uns meses", um acumular de um coração que transborda e de uma mente cheia de bons momentos e o medo, ai o medo, de que quem lá ficou nos esqueça, aprenda a viver sem nós, não precise mais, como nós precisamos.
E é sempre quando nos aproximamos das nuvens que a turbulência aparece e nos agita a memória.
Gostava tanto de estar na vossa cabeça, no vosso coração e saber sentir o que sentem, saber pensar o que pensam.. sinto-me inutil e limitada, sinto que não penso nem metade do que deveria, não sinto nem um milésimo do que vos atravessa a alma todos os dias.
Gostava.. gostava de vos compreender como se de mim se tratasse. Gostava tanto.
Sabes o quanto aperta cada vez que passas aquelas linhas amarelas e a placa "only passengers". Passas as linhas sozinha, nem sempre determinada, nem sempre corajosa, nem sempre sorridente. Nem sempre sozinha também, mas desta vez sim. E a maior parte das vezes também.
Toca a estupidez a diferença que a vida faz em cada viagem, em cada dia, em cada vai e vem. Hoje.. vais de coração apertado. Cheio, mas apertado. E manda lá foder o cheio perto do desespero de voltar ao país dos outros, à vida dos outros, à rotina dos outros que definem a tua.
Vais de coração cheio mas não vais feliz, vais perdida sem saber o que queres, o que faças, o que sintas. Vais sem rumo, com o único objectivo de ganhar dinheiro.. logo tu que sempre te estiveste a cagar para o dinheiro, logo tu que sempre soubeste que o segredo era precisar de menos. E precisas. De tão pouco. Mas há quem precise de ti. Mais.