Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Um diário sem folhas, um desabar de tudo o que não tem mais lugar na cabeça. Devaneios e desabafos de uma geminiana tão diferente e tão igual a tantas outras...
Sinto mais do que demonstro, sei mais do que aparento.
Estando sozinha há quase 2 anos começo agora a sentir o julgamento alheio. Aquele arzinho de "o que ela tem de errado para estar sozinha?" E eu poderia responder a essa questão, porque tenho muito de errado realmente.. mas este texto não é para falar dos meus defeitos. Também não é para pintar a vida de solteira e autosuficiência como a maravilha do sec XXI. Até porque o que realmente quero é construir uma familia, e isso não se faz sozinho. Quando me questiono por que esses julgamentos não me afetam, chego a uma conclusão simples. Mais do que procurar quem ocupe um espaço e me tolere, procuro quem queira ficar apesar dos meus erros, e me mostre com atitudes mais do que com palavras.
Quando estás sozinha aprendes a cuidar de ti. Da forma que deverias ter aprendido na criação mas por falta de pais emocionalmente preparados ou de uma vida mais fácil, não te foi ensinado. Aprendes em adulta a cuidar do teu corpo, das tuas emoções, da tua vida, dos teus sonhos, da tua paz. Aprendes a mimar-te e a fazer-te feliz.
Chegando aqui, responde-me: como vais permitir que alguém receba tudo o que tens de bom, se não te cuida da forma que tu te cuidas? Como vais aceitar relações onde só querem o teu melhor, quando tu te dás e aceitas o outro por inteiro? Como vais alimentar egos quando o que procuras é vulnerabilidade, conforto, segurança e paz?
Uma relação falhada faz-nos ver o que não queremos, mas um tempo sozinho faz-nos entender o que queremos. E quando entendes, não consegues voltar ao ponto de partida.
Por isso mantenho-me sozinha, sem dores, porque não consigo alimentar relações vazias, conversas ocas e egos inflados. E principalmente porque aceitei que estar sozinha é melhor do que estar mal, acompanhada. Deixei de ter pressa, deixei de ver frustrações disfarçadas de oportunidades, curei a dependência emocional (afinal até sou menos 'errada' agora 😅) e alimento o melhor de mim para quando chegar. Quando for para ser - sem dúvida - será.
Estou cansada de frases feitas e de textos vazios.
Quero ouvir-te falar de quando te cortaram em pedaços e seguiram como se nada tivessem feito enquanto limpavam a navalha na mão. Quero saber o que sentiste quando escolheram a fase em que mais sofrias para, em vez de te darem a mão e serem colo, te humilharam até mais não. Quero conhecer a tua sensação de alma vazia de esperança. Quero que me contes como foi quando nem tempo te deram entre um golpe e outro. E o que te deu forças. Quero saber em que caixas já te fecharam, e de quais conseguiste sair. Quero saber os erros que já cometeste e quais repetirias. Quero saber qual foi a dor que te deixou dormente, que te fez esquecer de quem eras. Quero conhecer o que te lapidou, o que de melhor tiraram de ti e o que te trouxeram.
Quero falar sobre o dia em que percebeste o brilho a voltar. Quero que desabafes sobre a vergonha de olhar para trás e perceberes as faltas de respeito e empatia que aceitaste, e como isso te molda hoje. Quero saber como reconheces o amor, e como o ofereces aos outros. Quero saber em que acreditas, quais os teus valores e conquistas. Quero saber o teu limiar de dor, mas principalmente o de amor.
Não por desejar que já tenhas sofrido isto tudo, mas acredito muito que a maioria de nós já achou que não superava algo que superou. Quero conhecer a pessoa que mais falta de faz e saber o porquê. Quero ouvir-te falar sobre o que admiras em alguém. E o que faz o teu peito vibrar. Sem artimanhas, sem passar pano, sem enfeites.
Porque quero quem se doe, e não quem à vida se fechou. Quero quem é bondoso por conhecer o que é ser cruel. Quero quem se conheça o suficiente para não ter medo destas conversas. Quero quem se comprometa com a vida e procure o melhor para os seus. Quero quem se viu encolhido de tal forma que hoje leve os outros a voar!
Graças a uma trend do tiktok dei por mim a pensar como seria um café com a Sofia de 25 anos. Já pensaste nisso? Aconselho muito!
Não estando eu a viver uma fase de vida boa, e achando que me iria frustrar ao pensar nisto, acabei por me surpreender.
A Sofia de 25 anos tinha acabado de deixar a vida para trás, fez uma mala de 23kg e rumou à Suíça para recomeçar do zero com 7€ no bolso. Estava cansada de contar os tostões, andava há anos a tentar trocar de carro sem ver maneira de o fazer, e fazia de tudo para ser aceite.
Apareceria de roupa justa, provavelmente salto alto, delineador e cabelo longo bem alisado. Eu aparecia de roupa confortavel e sapatilhas, maquilhagem leve e cabelo preso.
Ela perguntaria se tínhamos casado e tido filhos. Eu diria que não. Que amámos muito mas que não deu certo. Ela perguntaria se a Suíça daria certo, e eu responderia que era uma fase que ela devia aproveitar. Para juntar dinheiro, mas não abdicar das viagens que quisesse fazer. Se me perguntasse pelas amizades, diria que sabe fazer amizades para a vida, se confiar mais em si.
Diria-lhe que comprámos um Mercedes e que temos casa própria. Ela ficaria boquiaberta. Diria-lhe que a mãe e irmã, seus pilares, saíram das nossas vidas, e se ela me perguntasse como lidámos com isso, diria-lhe que era a maior prova da sua vida, que o tempo não resolve nada, mas sim o que fazemos com o tempo. Diria-lhe que é bem mais forte do que se julga e que não precisa de se encolher para caber.
Diria-lhe que tudo se resolve, e que as tempestades têm propósitos, mas para ela agarrar um capacete. E para não desperdiçar nenhuma oportunidade de ser feliz. Diria-lhe que se ía apaixonar por um gato que estaria connosco até hoje! E agradeceria a coragem que ela teve.
O melhor deste pequeno exercício mental, é poder transportar todos os conselhos que lhe daria para os dias de hoje, e aplicá-los eu, a Sofia de agora.
A vida vai exigir de ti tudo e mais um pouco. Ser séria mas divertida, ser forte mas sensível, ser genuína mas contida... E vais encontrar-te num beco, várias vezes, onde te sentes pressionada a apagar partes de ti em prol de outras. Não o faças, meu bem. Tu podes ser um mulherão com uma criança interior que pede consolo. Podes ser séria quando necessário, e a que se diverte até às tantas da madrugada. Podes ser genuína na frente dos que te amam, e contida com os que não merecem a tua essência. Tu podes, e és, todas essas versões e mais algumas, em sintonia e todas ao mesmo tempo. Quando entenderes que a tua maior força é precisamente o facto de conseguires ser todas essas coisas, percebes que não há versão de ti a apagar, mas sim a acolher. Cada uma delas tem o seu espaço e lugar, cada uma delas te pertence, cada uma delas faz de ti quem és, e cada uma delas merece que a deixes brilhar.
Tu és divertida, extrovertida, sais à noite, danças, bebes, divertes-te... Isso não faz de ti boa nem má.
Tu lidas com seriedade quando as responsabilidades falam mais alto... Mais uma vez, nem boa nem má.
Tu alimentas a tua sensualidade... Está tudo bem.
Tu alimentas o teu lado mimado e carinhoso... Está tudo bem.
Tu és genuína e mostras-te sem filtros... Tudo bem.
Tu sabes estar num ambiente mais reservado.. tudo bem também.
A tua luta é apenas em saber equilibrar tudo o que és. Não te tornes nem só uma coisa nem só outra, dá espaço a todas... E com certeza vais sentir-te mais completa, mais leve e mais realizada! Elas estao aí, honra quem és e vive!!
Talvez este ano seja sobre soltar as amarras, as listas e as pressões.
Talvez este seja o ano em que percebes que a cura merece espaço e sossego para acontecer. Que não tens que andar sempre a consumir conteúdo importante ou valioso, aquele que os guros do auto desenvolvimento indicam em toda a parte. Talvez este ano percebas que a produtividade de que precisas agora é viver as coisas simples da vida. Sair para dar uma caminhada ao ar livre sem contar os quilómetros, as calorias ou o tempo para postar nas redes sociais. Ler um livro sem pressas de acabar para começar outro e juntar mas um à lista. Teres uma tarde de séries e filmes sem sentires que foram horas perdidas. Comer um prato que ames sem pensar nas calorias, nos hidratos e nas proteinas. Ouvir uma música sem medo do julgamento. Soltares um riso sincero sem te questionar logo em seguida se 'não foi alto demais'. Ir ver o mar sem um livro e uma playlist e uma garrafa de água e um objetivo em mente. Só ir. Passear na areia de cabeça vazia e ouvidos atentos à natureza. Talvez precises passar uma semana sem te cobrar pelo podcast que ainda não ouviste, a meditação que não tens feito, ou o sono que tem sido muito. Sem teres que te tentar superar (a ti e aos outros) em tudo o que fazes.
Para poderes criar objetivos a atingir sem que seja uma condenação ao sofrimento, tens que estar bem! E têm que ser intencionais, prazerosos, por vontade. Porque queres fazer isso tudo que te atravessa a mente neste momento? Será por que tens a sensação de que todos estão a fazer e não queres ficar para trás? Ou porque realmente te faz bem? É que lidar com toda essa frustração e necessidade de superação está a deixar-te mais infeliz, ou estou enganada?
Dizes procurar leveza mas metes metas para tudo! Meta para a água, para as páginas lidas, para os minutos de meditação, para os treinos semanais, para tarefas no emprego, para horas de deitar, para tempo de socializar... Eu sei, sem metas não se chega lá. Mas sobrecarregado e fazendo tudo por obrigação.. também não.
Talvez este ano percebas que precisas respirar e simplesmente viver, sem provar nada a ninguém, nem a ti propria. Simplesmente sentir, admirar, passear, ler quando, se e o que te apetecer, escrever se te fizer sentido, adormecer sem skincare se assim acontecer, admirar mais a natureza, aproveitar mais com o teu gato, estar mais intencional em cada tarefa e conectares-te mais contigo. Cortar as amarras das obrigações e desacelerar. Isto também é auto-cuidado.
Vamos experimentar por uns meses? Já experimentámos tantas abordagens, porque não esta? Se tu fores, eu vou também. Ouvir o teu corpo, relaxar a tua mente e aflorar a tua intuição. Vamos?